sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mini-curso: Espiritualidade, Educação e Saúde nas Artes Marciais - Faculdade Messiânica - São Paulo



Mini-curso: Espiritualidade, Educação e Saúde nas Artes Marciais

Proponente: Fabio Cardias (docente Universidade Federal do Maranhão/doutorando USP/budō e capoeira); Luiz Kobayashi (doutor em Engenharia POLI-USP/kendō e iaidō); Luciano de Lacerda Gurski (docente/técnico pedagógico Secretaria de Estado de Educação do Paraná/aikidō); Marcel Farias (docente Universidade Federal de Goiás/budō).

O objetivo principal deste minicurso é introduzir o histórico, desenvolvimento, parâmetros curriculares nacionais e regionais, pesquisas atuais e referências em autores japoneses sobre as dimensões da espiritualidade, educação e saúde presentes nas artes marciais. O enfoque será dado às artes marciais de origem nipônica, baseado nos teóricos eméritos no estudo acadêmico do budō, ou dos caminhos marciais japoneses, como Ichiro Watanabe, Nakabayashi Shinji e Iriê Kouhei, dentre outros, ainda desconhecidos no Brasil. O minicurso é uma iniciação a campo tão rico em aspectos simbólicos para o equilíbrio fisiopsíquico, social e ecumênico interessantes à educação humana em geral. Haverá exposições teóricas em forma de aula expositiva, apresentação de vídeos recentes, vivência marcial e debates em grupo.

http://www.faculdademessianica.edu.br/seminario/minicursos.jsp


Postado por Fábio Cardias, http://cardiasfabio.blogspot.com/
Quarta-feira, 27 de outubro de 2010.
Nas fotos: Fábio Cardias em treinamento/Próximo à estátua Bujutsu (Japão).

E no princípio...


O artigo de Walter Neves (citado abaixo) procura estabelecer a evolução histórica de nossa linhagem, a dos hominídeos (hominíneos), através da Teoria da Evolução (Darwin), baseado em dados científicos da Paleoantropologia e dos achados fósseis de milhões de anos em diversos sítios arqueológicos pelo mundo, especialmente os do Continente Africano.
A partir do que o autor classifica como o princípio da replicabilidade, como a possibilidade de outros cientistas garantirem a autocorreção das observações científicas replicando-as, refutando-as ou confirmando-as, como contraponto estabelece a idéia emprestada de Descartes chamada de “morais provisórias”, a fim de contextualizar a aproximação da Ciência com os fatos que deseja evidenciar e até mesmo manipular, através dos próprios fatos em sociedade, que são utilizados para testar as teorias em nossa contemporaneidade.
Neves se esforça em descrever a “saga evolutiva” da humanidade a ponto de evidenciar uma indicação que estabelece como referência os fósseis encontrados pela Ciência Ocidental, particularmente a contar da década de 70, resultado de um “processo”, que compreende: a fixação da bipedia; a fabricação de ferramentas de pedra; o consumo expressivo de proteína animal, o desenvolvimento de cérebro grande e complexo; a fixação da capacidade de significação no cérebro; revolução criativa e tecnológica e a ocupação de todo o planeta.
O processo evolutivo é entendido como um processo histórico, sendo que o autor evidencia a complexidade do processo de evolução baseado na Seleção Natural, adaptabilidade de situações e condições ambientais e, especialmente, ao que intitula como “acaso” e “necessidade” darwinianas, com o intuito de explicitar as diversas etapas da linhagem evolutiva de nossa espécie.
Uma das principais – e fundamentais – características desse processo evolutivo está na fixação da bipedia, já que entre os primatas, somos os únicos que nos locomovemos em posição vertical, indicado como um marcador exclusivo da linhagem humana. Darwin entendia que a fabricação de ferramentas havia sido a força seletiva que teria delimitado a fixação da bipedia, contudo, com as descobertas de fósseis de aproximadamente sete milhões de anos caracterizados até então como os primeiros bípedes, “quebra-se” (desmistifica-se, esclarece) o “mito” (“dogma”) da relação entre ferramentas versus bipedia, pois entre ambos existe uma lacuna de pelo menos 5 (cinco) milhões de anos. A bipedia pode ter sido fixada primeiro como hábito postural e após, locomocional. A locomoção bípede vertical ocorreu por volta de 2,5 (dois e meio) milhões de anos, coincidente com o surgimento do gênero Homo na África.
A bipedia é o resultado de quatro grandes novidades evolutivas em sequência cumulativa histórica: a hortogradia (liberação do tronco); a nodopedalia (alongamento dos braços); a fixação arborícola (fixação de bacias baixas e largas) e a fixação exclusivamente terrestre (encurtamento dos braços e alongamento das pernas).
A fabricação de ferramentas começou há cerca de 2,5 milhões de anos, sendo que os primeiros lascadores de pedra produziram apenas alguns “poliedros” ou “esferóides” no seu “kit de ferramentas” (nas palavras de Neves), que demarcaram o lascamento controlado de pedra com a capacidade motora desenvolvida para o período.
A pressão seletiva que levou à fixação da capacidade seletiva de fabricar e utilizar instrumentos de pedra foi o acesso à proteína animal em uma quantidade expressiva pelo processo de savanização da África, constituindo a fauna com gazelas, zebras e antílopes (pastadores) como a melhor fonte de comida rica em energia e proteínas; o carniçamento ou “carniçagem” permitiu a produção de lascas afiadas, aumentando nosso “kit de ferramentas” e que foi um grande impacto na evolução humana, sendo que os “machados de mão” indicam o “arquétipo imaginativo” de uma busca por um determinado formato produzido mentalmente com o surgimento de ferramentas especializadas com graus refinados de lascamento, o que caracteriza o “variante” da espécie.
A fixação do hábito cotidiano de lascar de forma controlada deve ter sido promovida pela viabilização da exploração da proteína animal em um contexto competitivo muito acirrado e pobre em recursos vegetais de alta qualidade nutricional e que delimita a diferenciação de nichos ecológicos, sendo que é possível que os vegetarianos exclusivos tenham sido extintos por seleção natural há aproximadamente um milhão de anos e a linhagem carnívora – que é também adaptada à ingestão de vegetais – tenha melhor se adaptado sob a perspectiva ecológica, o que pode ter contribuído para a constituição de um cérebro grande, que é um órgão “nobre”, caro, no sentido de necessitar de uma quantidade de energia e calorias que representam de 20 a 30% para manter o seu funcionamento. Não existe uma “solução adaptativa perfeita” e muitas vezes, animais muito distintos tem problemas adaptativos “resolvidos” por fixação de características anatômicas, o que possibilitou linhagens “paralelas aos humanos”, como os megadontes.
O desenvolvimento de um cérebro grande e complexo é característico do gênero Homo, no entanto, o que marca nossa linhagem é a fixação da bipedia exclusivamente terrestre e que foram os primeiros a deixar a África. O diferencial entre o Homo é o seu agrupamento social, pois quanto maior o grupo, mais arrojado se torna o processo de cooperação entre indivíduos, de sobrevivência, subsistência e de capacidade de desenvolver as inteligências naturalista, tecnológica e social, o que possibilitou talvez o quadro de significação cerebral exclusivo da espécie humana.
Especialistas acreditam que um novo módulo de fixação derivou o aspecto de nossa criatividade ilimitada, o que teria feito aflorar sistemas complexos de significação e simbologias também ilimitadas. Nosso maior sistema simbólico é a fala articulada, a capacidade de ter uma língua entre pares grupais pelo qual coisas, sentimentos, tempos, ações, interações e intenções podem ser expressas de maneira fluída, com precisão e de maneira sintética: o processo de comunicação social deve ter sido o diferencial adaptativo sobre o qual a força seletiva incidiu, fixando nosso módulo mental de significação, inclusive os mal-adaptativos (como a vaca Sagrada, na Índia).
O fato foi que a revolução do significado (criativa) do Paleolítico Superior, ocorrida em torno de 45 mil anos completou a “morfologia social” do homem moderno: primeiro, 200 mil anos, surgiu o homem anatomicamente moderno (esqueletalmente); segundo, há 45 mil anos, o homem comportamentalmente moderno. A mente moderna engendrou criatividade e significado em todas as dimensões da vida, que além de multiplicar nosso “kit de ferramentas”, expressou estilos pessoais e grupais, marcou identidades individuais e coletivas (etnicidade) e dotou o homem com uma mente complexa e poderosa capaz de ocupar todas as regiões do planeta, sendo assim, o Homo Sapiens, é provavelmente a única espécie dotada de pensamento simbólico, “singularidade” não repartida com as demais espécies e que constitui "cultura" dentro de aspectos dinâmicos e complexos como conhecemod hoje...

Resumo sobre o texto de Walter Neves, por Ariana da Silva - PPGA-UFPA - Artigo: E no princípio... era o macaco!: NEVES, Walter. Estudos Avançados 20 (58), 2006, p. 249-285.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dia do Professor (a) - 15 de Outubro de 2010



Um país sério é aquele que valoriza, incentiva e proporciona a EDUCAÇÃO - de fato e de direito! - e, especialmente, que RESPEITA os Profissionais do Sistema Educacional no sentido amplo: com Qualidade no ensino (com Q maiúsculo!), melhoria na infraestrutura das escolas (com carteiras, quadros, ventiladores (ar condicionado (?), merenda escolar adequada, salas de vídeo e de "multimídia", bibliotecas...), com o aprimoramento e a modernização de suas redes sociais (com ONG's, Esporte, Dança, Teatro...), incentivo à leitura (ou à boa leitura - dos "Clássicos aos Pós Modernos"), reformulação do tão-discutivo-e-nada-prático "currículo de aprendizagem" (ultimamente defasado por sua "própria natureza" e que, entre tantos "ajustes" e vicissitudes que pairam sobre as LDB's da vida, continuam a reproduzir as idéias positivistas do século XIX) e, finalmente, proporcionar aos PROFESSORES e PROFESSORAS (assim como os técnicos e equipes de apoio) condições de dignidade salarial e intelectual (com a tão sonhada progressão que nunca "progride" assim como a facilidade de acesso a programas de pós-graduação e bolsas sem a "podridão dos bastidores e apadrinhamentos políticos" das Secretarias de Educação por aqui e pelo Brasil afora), para que, enfim, o "altruísmo professoral" possa dar vazão a uma verdadeira DIGNIDADE COM ENSINO PÚBLICO E DE QUALIDADE que tanto se propagandeia e que quase nada se vê.
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas diariamente, com salas calorentas, sem nennhum equipamento didático, com ventiladores caindo aos pedaços (às vezes caindo na cabeça dos alun@s!), sem mesas nem carteiras (eram escolas muito "engraçadas", não tinham teto, não tinham nada, aliás, ainda são!) e outros inúmeros problemas, é importante sempre lembrarmos que o DIA DO PROFESSOR (da folga do "pão e circo") é uma comemoração de cunho POLÍTICO, cujo objetivo é estabelecer a CRÍTICA a uma EDUCAÇÃO que precisa ser QUESTIONADA e principalmente, para que, enfim, possamos compreender que, mesmo nadando contra a maré, ainda assim, podemos fazer a DIFERENÇA...
FELIZ DIA DO PROFESSOR (A)!!!

Texto: Ariana da Silva

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Belém do Pará


Belém é uma cidade encantada.
Com terreiros de Umbanda, Candomblé, Tambor de Mina e homenagens à Iemanjá no mês de Dezembro.
Um lugar que acorda cedo no Ver-o-Peso, na Feira da Pedreira, da 25...
Uma "cidade-ribeirinha" que todos os domingos pode escutar (e dançar!) o "tradicional" Carimbó ao pôr-do-sol no Mormaço, na Cidade Velha.
Belém é uma cidade que lê.
Na Feira do Livro.
Na UFPA (à beira do rio ou na Biblioteca do IFCH, só para divulgar a "nossa" biblioteca!).
Na Praça da República, Batista Campos, Eneida de Moraes (a Praça e a Autora... Mamãe fez uma promessa pra "eu pagar" no Círio de 2010, ainda bem que ela não pediu para eu ir de "vestido azul", porque o meu "novo" é estampado...).
Belém é lugar acalorado.
Pelo clima quente e úmido, pelo calor humano, pelo estado abafado após a "chuva das duas" (que às vezes cai às 3!).
E, especialmente, pelo "acolhimento" dos paraenses da Capital, que recebem os turistas de fora e do "interior" com tanto carinho, como agora durante os festejos da Quadra Nazarena, nos 15 dias de Arraial - com a colaboração "profana" do "Cordão do Peixe-Boi" e da "mais-que-profana-e-diversa" "Festa da Chikita", que acontece após os "fogos da trasladação" no "Natal dos Paraenses" (que será agora, o Domingo do Círio, dia 10.10.2010 - que merece um 10 de cada um de nós, belenenses! Por tudo...).
Zuenir Ventura tem razão quando esclarece que não podemos "rotular" Belém através de "clichês" (eu, como aspirante à antropóloga, diria "estranhar" = reconhecer, perceber, sentir, dialogar, descrever, etnografar e analisar), nem muito menos interpretá-la com um "olhar distante", "de cima", "atravessado", "desconfiado",
"estigmatizado" pelo processo histórico e, apesar da "natureza política atual" (que não nos deixa muitas escolhas), ainda assim é preciso que possamos "ver" a nossa cidade afim de, de fato, lançar um "olhar antropológico, histórico, humano e local" como diria Geertz), para que, finalmente, o país inteiro tome "ciência" de que "vidas inteligentes" habitam aqui, como disse o Profº Dr. Márcio Couto...
Vidas inteligentes, hospitaleiras, calorosas, que se encontram pelas esquinas de toda a cidade, que lutam por melhorias e qualidade na educação; de pessoas que amam nossa Belém mesmo com todos os problemas enfrentados de saneamento básico e péssima distribuição de renda e, ainda assim, tradicionalmente, costumam valorizar a cultura e o nosso cotidiano social tão variado...
Nesse clima ufanista, desejo a tod@s um feriadão maravilhoso e fartura no almoço de domingo, com muita maniçoba e alegria...
Feliz Círio!
Até a próxima!
Ariana da Silva.

Foto: Ariana da Silva - Ver-o-Peso