sábado, 3 de abril de 2010

Quilombolas


Na história brasileira o processo de conquista e colonização portuguesa da Região Amazônica está relacionada a uma economia extrativista baseada na exploração da mão-de-obra indígena. Todavia, o processo de colonização desta região envolveu-se também com o estabelecimento de uma economia e sociedade destinadas às atividades agrícolas voltadas para o mercado europeu, explorando inicialmente o trabalho de populações indígenas, os quais gradativamente foram sendo substituídos pela força de trabalho escravo proveniente dos negros africanos.
Foi com esta finalidade que os negros, a partir da segunda metade do século XVIII entraram de forma efetiva na Amazônia, através do trabalho escravo e a partir desse período tornaram-se a principal força de trabalho na Região. O contingente de escravos trazidos da África, por outro lado, durante o tráfico negreiro foi disperso pela região norte, fato que possibilitou e facilitou a participação deste grupo étnico nos processos de formação e expansão das populações amazônicas, e na formação de algumas comunidades rurais contemporâneas que descendem de antigos núcleos de resistência ao regime escravocrata da sociedade colonial, chamados de quilombos, mocambos ou quilombolas.
Estas comunidades compostas basicamente de descendentes de negros africanos (quilombolas) há muito se mantêm e distribuem por toda Região Amazônica tanto através de incentivos do Governo Federal, que lhes reconhecem como descendentes legítimos dos quilombos do período colonial, como também pela manutenção das práticas de atividades de subsistências puramente extrativistas e pesqueiras na região.
A comunidade quilombola mais próxima da Região Metropolitana de Belém é a de Abacatal, que fica a 16 km da capital “contados a partir do Entrocamento e a 7 km de Ananideua, sede do município (...). Nesses quilômetros que antecedem a localidade, o modelo de ocupação e as marcas de destruição são constantes, e em alguns momentos chocantes. Os covões abertos nas proximidades da entrada de Abacatal mostram uma agressão física considerável ao meio ambiente. Grandes crateras estão surgindo e por vezes, à beira, amontoam-se lixo.” (ACEVEDO & CASTRO, p. 17-18, 1999).
Ligadas a atividades de extração de pedras, fabricação de carvão, roças e quintais, estas comunidades, assim como no passado, hoje, mantêm com características sociais o regime familiar fechado, com seus integrantes mantendo matrimônio com os membros da própria comunidade quilombola, tornando-os relativamente isolados do restante do seu entorno. Porém, estas características têm mudado em função da construção de rodovias, com conseqüente destruição da natureza, diminuição de sua produção e da área territorial dos quilombolas. Aos remanescentes quilombolas de Abacatal restam atualmente pequenas áreas destinadas à roça e as políticas de plantação de mandioca, para consumo próprio e comércio, onde os membros destas comunidades passam a ter a necessidade de exercer relações de comercio/busca de trabalho, com outras unidades comerciais de outros municípios, como Belém e Ananindeua.

ACEVEDO, R.; CASTRO, E. No caminho de pedras de Abacatal: experiência de grupos negros no Pará. Belém: UFPA/NAEA, 1999.

TEXTO: Ariana da Silva

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